Tendências para a gestão em 2022
Ainda estamos começando o ano, mas os desafios empresariais já se mostram para os gestores, e com diversos obstáculos, qual a melhor forma de trabalhar de modo assertivo após tantas oscilações no mundo dos negócios?
Seria muito conveniente se fosse possível saber como serão as coisas, saber o que fazer para driblar os problemas, ou até aproveitar as oportunidades e fazer mais negócios!
Infelizmente não é possível ter essa certeza, mas quando falamos em gestão existe algo que é muito possível e na verdade recomendável a se fazer que é um bom Planejamento Estratégico, isto é, um mapa que orienta uma empresa sobre o rumo que deve seguir e o que fazer para chegar lá.
Como fazer esse planejamento?
Esse passo a passo vamos contar com detalhes na próxima semana!!!
Mas… vamos começar a falar aqui sobre um pré-requisito para chegar a um bom mapa estratégico.
As Análises de Macro Ambiente, ou em outras palavras, uma análise dos fatores e elementos que estão acontecendo no mundo, que não estão diretamente no controle da empresa, mas que de alguma forma podem impactar – positiva ou negativamente – a empresa.
Para ajudar vocês gestores nesse trabalho nós da QI temos monitorado alguns desses principais fatores para te ajudar a ter base e com as dicas da próxima semana criar um excelente planejamento estratégico.
Mas vamos lá para as tendências no mundo dos negócios que podem impactar a sua empresa:
1. Cenário Econômico:
Começando por esse tópico que é centro das análises sobre o mundo dos negócios, o que já sabemos sobre 2022 do ponto de vista da economia?
Esse ano ainda contaremos com previsões não otimistas de especialistas, temos visto o mercado revisando continuamente o PIB do ano que vem, já visualizando um PIB abaixo de 1%. Para este ano, o PIB deve encerrar ligeiramente abaixo de 5%, recuperando boa parte das perdas de 2020.
Ainda continuaremos enfrentando a persistente alta da inflação, que nas palavras do professor Paulo Gala da FGV, a chave para mudança desse cenário é a normalização das cadeias produtivas.
“No dia em que não tivermos filas de navios em Los Angeles, podemos ter ideia de que a inflação está passando”.
Paulo Gala, Professor da FGV
Comenta, referindo-se ao congestionamento de navios contêineres que aguardam para descarregar seus produtos, resultado do aumento da demanda por parte dos norte-americanos.
O resultado consolidado do ano de 2021 ficou acima da casa dos 10% de inflação.
Para o gerente de Investimentos da Sicred Arthur Fiedle
“Nossos modelos mostram espaço para vermos os juros voltarem a cair no final do próximo ano, visto que neste período o horizonte relevante de atuação do Banco Central será buscar a meta de 2023. As projeções de inflação do Copom se encontram abaixo dos 3,25%, seria necessário voltar a estimular a economia, promovendo a queda na taxa de juros. Por tais razões, esperamos que a Selic volte a cair no quarto trimestre de 2022, para 10,0% ao ano.”
Arthur Fiedle
Mas apesar de todo balanço econômico causado pela pandemia, vimos sinais de recuperação para este ano. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o desempenho econômico será positivo em 4,9% no próximo ano, depois de registrar uma alta de 5,9% em 2021.
Já o Banco Mundial (Bird) prevê uma alta de 5,6% neste ano e de 4,3% em 2022. A projeção do FMI para a economia brasileira no próximo ano, no entanto, é bem mais modesta: crescimento de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB).
Em síntese 2022 não é um ano para apostar em um crescimento abrupto, porém a economia dá sinais de uma retomada, e com isso pode trazer muitas oportunidades para os empresários.
2. Pessoas e Sociedade:
Segundo dados do IBGE o desemprego que chegou a picos de 14,2%, recuou para a casa dos 12,6% no fechamento do último trimestre do ano, confirmando esse reaquecimento dos mercados e consequentemente com aumento dos postos de trabalhos.
Mas uma questão que a pandemia nos trouxe foi a controvérsia de atingirmos picos históricos de desemprego no auge da fase roxa, uma alta da “disponibilidade” de mão de obra ociosa, mas uma incrível dificuldade de contratação e retenção de colaboradores.
“Você se lembra da falta de mão de obra e das dificuldades para contratar em 2021 [em alguns países]? Elas irão permanecer em 2022”, essa é a aposta do gerente sênior de comunicação corporativa do site de empregos Glassdoor, Alison Sullivan.
“Isso porque os fatores que causaram essa situação ainda estarão presentes — a pandemia, aposentados, pais que ficam em casa e [por outro lado] aumento das exigências dos clientes que as empresas precisarão atender”, complementa.
Então por um lado as empresas precisam apostar em formas mais elaboradas e estruturadas para recrutamento e Seleção e formas criativas de fazer retenção e motivação de talentos.
E quando falamos de retenção outro fator importante é a atenção para a saúde mental!
Segundo o levantamento da consultoria B2P inclui um recorte de 331 mil colaboradores de empresas brasileiras.
Índice de afastamento por saúde mental subiu mais de 23%!
Os dados consideraram os afastamentos entre março de 2020 e março de 2021.
Além disso a Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar) divulgaram dados que mostram que as vendas de antidepressivos e benzodiazepínicos (os populares calmantes vendidos com receita) aumentaram em média 24% em 2020.
3. Consumo e Sociedade
Uma outra mudança que ocorreu durante esse período pandêmico foi a divisão das classes sociais, as classes mais baixas C, D e E, tiveram diminuição do poder de consumo, enquanto as mais altas registram um aumento.
Estima-se que as classes D e E vão ser as mais impactadas neste ano com a alta dos preços dos produtos essenciais, como alimentação, transporte e habitação, totalizando uma retração de 17,7% em relação ao ano passado.
Já a renda que a classe C dispõem para consumo (valor deduzindo os gastos com as despesas básicas) cai quase 10% em cinco anos – dados levantados em 2021 – e, ao mesmo tempo, gastos básicos pesam mais no bolso por conta do alto índice de inflação e crise econômica do país.
Por outro lado, a classe A vai registrar um aumento de 3% no valor disponível para consumo. Já a classe B terá elevação de 0,5%.
Em decorrência dessas mudanças duas coisas ficam evidentes, enquanto as classes mais baixas da pirâmide tem menor disponibilidade, a busca por itens supérfluos diminuiu, o índice de inadimplência aumentou a picos históricos de aproximadamente 75% e a busca por formas alternativas de pagamento cresceu.
Por outro lado, nas classes mais altas, foi identificado uma preocupação maior com fatores de saúde, alimentação e bem estar, e o nível de exigência com serviços, segurança e experiência aumentaram.
O indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) fechou o ano de 2021 em 71,6 pontos, uma queda de 9,9% em relação ao registrado em 2020, quando a queda de 15,9% deixou o indicador em 79,4 pontos. Desde 2015 o ICF não alcança o nível de satisfação, que é de 100 pontos.
4. Marketing e Tecnologia
A retomada está causando muitas dúvidas para a sociedade, ainda hoje não há nenhuma certeza sobre o fim da pandemia, vemos um forte avanço da vacinação, mas também uma elevação no número de casos nesse início de ano, a resposta definitiva só veremos nos capítulos a seguir, mas algumas mudanças que surgiram durante esse período devem ficar, tais como:
O fortalecimento dos eventos híbridos, como afirmou o diretor de Eventos e Live Marketing da RD Station, Denis Braguini, em artigo no UOL.
“As melhores conferências combinarão experiências remotas e do mundo real. Eventos presenciais com transmissão ao vivo pela internet serão tendência. Quem estiver no local poderá ter uma jornada diferente de quem está no on-line, e o desafio será trabalhar os dois formatos com estratégias distintas, mas que conversem entre si”.
Denis Braguini
As empresas no geral terão que se adaptar a uma nova realidade, modificada pela pandemia. Segundo a empresa WGSN, referência em pesquisas de tendências de consumo:
Esse cenário exige flexibilidade, resiliência e criatividade.
Após longos períodos de distanciamento social, ainda que que sem adesão completa da população, o avanço da vacinação no Brasil acende a expectativa de um 2022 melhor que os últimos dois anos.
A consultoria identificou três tipos de consumidores que precisarão ser atendidos por empresas que querem estar conectadas com a realidade pós-pandemia.
Estabilizadores, comunitários e novos otimistas. E eles um ponto em comum:
Eles exigem maior atenção das empresas às suas experiências no ato de compra, seja no comércio on-line ou presencial.
Novos termos e formas de pensar se consolidam como a integração do presencial com o virtual no que diz respeito a atendimento, experiência e consumo, Rafael Kiso fundador da Mlabs junto da Martha Gabriel cunharam um termo para esse processo de unificação chamado: Onlife, nem offline, nem online, tudo acontece de modo conjunto desses dois modos de “viver”.
No final do no passado também vimos a grande aposta da empresa Meta (antigo facebook) que é o Metaverso, uma espécie de espaço virtual no qual pessoas podem interagir de modo real com outras pessoas, muitas empresas grandes já estão apostando nesse mercado e é questão de tempo até “cair nas graças do povo”, reforçando a tendência da conexão entre físico e digital.
Evoluindo o assunto, em uma pesquisa da empresa Salesforce com profissionais de marketing, a maior parte deles (78%) afirmaram que o engajamento desse cliente já é orientado por dados e 83% acredita que a sua capacidade de atender às expectativas dos clientes depende de recursos digitais.
Segunda a mesma pesquisa do YouTube ao TikTok – passando pelos Reels e pelas lives, o vídeo ganhou relevância durante a pandemia. Segundo o documento, este foi o canal de marketing que mais cresceu ao longo do último ano; seguido pelas redes sociais e anúncios digitais.
O que aponta um desejo das pessoas de consumirem conteúdos e se conectarem com as marcas de modo mais humanizado.
Um outro fator que favorece o trabalho das empresas em vários aspectos é que a internet está prestes a se tornar mais acessível do que já é.
Isso porque duas tecnologias serão complementares para diminuir a exclusão digital: o 5G e a internet via satélite.
Enquanto o 5G precisa de uma grande infraestrutura para funcionar e tende a se concentrar nos centros urbanos, os usuários da internet via satélite estarão nas áreas rurais com acessos remotos.
Com isso teremos a possibilidade de maior uso de ferramentas conectas na nuvem, desde ERP’s, Sistemas, Internet das Coisas, Omnicanal, e outras plataformas de interação instantânea e conectada com o consumidor.
Mas é importante lembrar que a LGPD também está vigor e as multas já estão sendo aplicadas para empresa que não zelarem pelos dados pessoais coletados em campanhas ou armazenados em sistemas de CRM.
Com todos esses elementos, ao considerar todos esses itens cabe ao gestor durante a criação do seu planejamento Estratégico entender que:
- Não há nada certo, em especial sobre o fim da pandemia;
- A gestão da empresa precisará estar preparada com planos de contingências;
- As pessoas nas empresas precisaram de mais atenção;
- As oportunidades estarão na mão de empresa que conseguirem colocar o consumidor no centro do negócio;
- Tecnologia pode ser uma aliada da sua empresa nesse processo de transformação;
Sobretudo, o ano de 2022 exigirá muita cautela, bom planejamento e pé no chão na gestão!