Síndrome da meia dose
Sobre a Síndrome da Meia Dose e Porque discordamos do Presidente
Antes de começar esse texto, vamos deixar claro que (1) se trata de análise e opinião técnica, livre de toda paixonite aguda ou ideologias de lado a lado. Também entendo perfeitamente a questão econômica envolvida, afinal sou empresário, consultor empresarial e professor da área de negócios; e (2) acho sim que esteja havendo exageros, mas não acho possível definir agora o que é exagero e o que não é, como aponta nesse artigo, o José Galló. (https://braziljournal.com/as-fases-da-crise-e-a-responsabil…)
A noite o Presidente em discurso para todos o país fez exatamente aquilo que no momento, um líder não poderia fazer, contrariou sua equipe e causou ainda mais confusão numa população que já está assustada e tensa. Mas vamos aos fatos:
1) Imagine que tudo volte a funcionar “normalmente”, quantas pessoas de fato irão voltar a consumir? Muito pouco. Antes mesmo da ordem de quarentena, várias empresas já estavam relatando quedas de 70% no seu faturamento. Voltar agora não arrumaria a questão econômica.
Pensemos Aparecida. Será que se a ordem judicial que impede o funcionamento das atividades fosse derrubada, os turistas retornariam para a cidade? Muito pouco, o que não resolveria a questão econômica.
Uma lição importante de economia, em quase todos os setores (em momento de não escassez), o que faz a roda girar é a DEMANDA, não a OFERTA. Estar aberto ou fechado para alguns setores, não representa nada se a população não desejar consumir.
Aí caímos no item 2:
2) A Síndrome da Meia Dose: Tudo volta a funcionar, mas as pessoas com medo (medo real, pois o vírus existe) não saem de casa, evitam aglomerações e, por consequência, não consomem. Resultado, a economia continua no chão, mas em compensação o vírus continua a circular com os trabalhadores que precisam ir trabalhar, com aqueles poucos que se arriscam a sair… ou seja, chegamos no estágio 3:
3) O pior cenário: Nem a economia reage (pouca demanda), nem o vírus morre. Resultado: Crise econômica forte e muita gente morta.
Como prometido no vídeo ontem, gravarei outro vídeo falando mais detalhadamente sobre o que eu acredito ser o papel e as possíveis soluções, mas por ora, qual a solução?! Isolamento ainda mais radical, para que possa ser o mais curto possível, e na sequência reativação da economia rapidamente, sem mais riscos sociais. Para isso acontecer, depende do governo botar a mão no bolso e ajudar pequenos empresários, trabalhadores informais e funcionários que perderem o emprego. Mais do que falar, o governo precisa AGIR!!!
A crise já aconteceu, não tem volta. Segundo o FMI será igual ou maior que a crise de 2008. Portanto, é hora de chutar longe superávit primário e outros indicadores e fazer o ESTADO se endividar para salvar sua população. Não tem outro caminho.
O próprio TRUMP que fala na mesma linha do Bolsonaro, viu ser aprovado ontem um incentivo de 2 Trilhões de Dólares para salvar a economia. Talvez um pouco tarde, já que os EUA caminham a passos largos para ser a nova Itália nessa crise da Pandemia.
Como disse ontem, é hora de termos senso de unidade e caminharmos todos em uma direção. Depois discutimos, mas se ficarmos nessa discussão e não acharmos consenso, atingiremos o pior cenário, economia em crise e mortos aos montes.
É hora de escolher, é hora dos verdadeiros líderes, não é hora de demagogia, tampouco hora de olhar somente um lado. Não existe lado 100% certo, como todas as crises, teremos perdas. Cabe a gente escolher quais perdas serão menores e quais perdas aceitaremos.
Quanto antes decidirmos, mais tempo teremos para nos prepararmos. Se continuarmos sem senso de unidade, os danos serão irreparáveis.