Análise do Especialista – Inovação ou Modismo?
A análise de hoje, falaremos sobre os cuidados na gestão do seu negócio, sobretudo na confusão que pode haver entre INOVAÇÃO e MODISMOS.
Peter Drucker, maior nome da GESTÃO MODERNA, sempre afirmou que as empresas possuem duas, e somente duas funções, INOVAÇÃO e MARKETING. Marketing para atrair e relacionar-se com os clientes e inovação, para mantê-los sempre fieis e consumindo da marca.
Assim, muitos empresários e gestores convivem diariamente com os desafios e tentações do mundo empresarial, sendo constantemente bombardeados por supostas novidades que garantirão o próximo “sucesso”. No entanto, a linha que separa a oportunidade da tentação é tênue, e por isso, na maioria das vezes, o que parecia inovação, não passa de um modismo.
A última grande “sacada” no setor de alimentação fora do lar foram os tais Food Trucks, caminhões de pequeno e médio portes que se adaptavam para poder atender seus clientes como lanchonetes itinerantes. Surgiram Trucks dos mais variados, desde os que vendiam lanches gourmet com cervejas artesanais, até trucks veganos e de comida japonesa.
Como sempre acontece quando uma suposta novidade surge, muitos empresários e empreendedores resolvem se arriscar no novo negócio, sem fazer muitas análises, até porque temem perder tempo e entrar tarde demais no negócio. No caso dos Trucks, a realidade não foi diferente, no auge, em 2014, o número de pedidos de licenças era recorde e o faturamento desses negócios animava quem olhava “de fora”. No entanto, passada a euforia inicial, a realidade se impõem, hoje, em média, o número de carros desse tipo nas ruas caiu 40%. Um caminhão para estes tipos de serviços, que 0 Km custa cerca de R$ 200.000,00, pode ser encontrado na OLX por R$ 30.000,00.
Mas aí você pode perguntar duas coisas:
Por que isso aconteceu? E como poderíamos saber disso antes?
Para a primeira pergunta, respondo com o que o mestre Francisco Madia chama de Síndrome de Experimentação, que consiste em uma febre inicial, onde as pessoas buscam experimentar, compram, até gostam, mas nunca mais voltam. Nos primeiros meses, parece que o modelo de negócio é campeão, mas com o tempo, descobre-se que era efêmero o sucesso.
Já para a segunda pergunta (e também explicando o porquê da síndrome de experimentação) a resposta é: Dá para saber sim, e existem diversas formas e técnicas de se analisar, mas me pegarei somente a primeira das análises, que consiste em entender a novidade que se apresenta e os motivos de um consumidor comprar. Peguemos o caso dos Food trucks e refletiremos abaixo.
– Os Food Trucks tentaram se mostrar como opções para as redes de lanchonetes e outras unidades de alimentação tradicionais. Teoricamente, as pessoas deixariam de comer seus lanches e tomar suas bebidas em bares e lanchonetes, para consumir em caminhões adaptados para tal.
O problema é que comer em caminhões não traz uma experiência agradável quando feita de maneira rotineira. Na média, o Brasil tem um clima quente a maior parte do ano e, nesses caminhões, ou se comia no sol, ou na sombra quente. Além disso, a própria possibilidade de um mix reduzido de produtos, alimentos não tão frescos, dificuldade de conversas…tudo isso contribui para que, aos poucos, as pessoas fossem retornando para os bares, restaurantes e lanchonetes, ou mesmo para os deliverys como IFood, AiqFome e outros.
Ou seja, a pergunta matadora para saber se tratamos de modismos ou inovações é:
A Solução apresentada é realmente melhor que as soluções anteriores que ela visa substituir?
Se a resposta for sim, vale a pena um aprofundamento na análise para compreender outras variáveis como volume, custos e outros. Mas se a resposta for não, desista! Saia agora e nem perca tempo analisando outras informações.
Infelizmente, os Trucks não se mostraram opções melhores, dessa forma, passada a curiosidade e a moda de comer em caminhões, as pessoas retomam suas vidas normais e a rotina de comer em lanchonetes, bares e restaurantes…o que sobra é um grande número de caminhões que foram adaptados para tal e terão de ser vocacionados para outras atividades.
Triste realidade de empreendedores que investem tempo, energia, sonho e dinheiro em negócios assim. Além dos Food Trucks, poderíamos citar ainda as paleterias, yogurterias e outros “n” exemplos.
Sintetizando, antes de embarcar em um novo e revolucionário negócio, pergunte-se: Será mesmo que a oferta é tão melhor que as demais já existentes? Será que a médio prazo as pessoas sentirão prazer em continuar consumindo tais produtos ou serviços?
Tome muito cuidado, pois os modismos surgem o tempo todo e adoram empreendedores afoitos.